Conheça o Fuzil mais popular da história, o lendário Kalashnikov 47 (AK-47).
Quando Mikhail Kalashnikov foi ferido durante um combate de blindados na Segunda Guerra Mundial, não se imaginava que aquele ocorrido iria proporcionar inspiração para que o mesmo, em um leito de hospital, criasse o mais mortífero mecanismo de guerra da história da humanidade, o AK-47.
Baseado no muito bem-sucedido alemão Stg 44 da segunda guerra mundial, ele era robusto e leve ao mesmo tempo, de mecânica fácil e muito resistente a poeira e areia, sofisticado, moderno e barato; esse é o Avtomat Kalashnikov 47 (AK-47).
No final da década de 40, com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Exército Vermelho buscava uma arma para equipar o seu numeroso contingente. Os líderes soviéticos iniciaram então uma espécie de concurso para escolher qual seria o melhor desenho de armamento para as tropas soviéticas.
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Apesar de pouco efetivo a longas distâncias e menos efetivo ainda ao disparar rajadas o fuzil Ak 47 foi escolhido e em 1949 entrou para as fileiras do grandioso Exército Vermelho.
Ao entrar em serviço foi amplamente difundido em grande parte da Ásia e quase todo o leste europeu, já que passou a ser o fuzil padrão das tropas da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas quando essa estava em seu auge, abrangendo cerca de 15 nações com um efetivo de incríveis 4 milhões de soldados. Para suprir toda a demanda pelo fuzil, licenças de fabricação foram emitidas a custo zero para as repúblicas socialistas. Iugoslávia – com sua variante Zastava M70 –
Sérvia, Bulgária, Romênia, Hungria, Albânia, Polônia entre outros países passaram a fabricar milhares de fuzis, ano após ano. Além disso, a China – com a sua variante Type 56.
A Índia, Iraque, Coréia do Norte, Egito e, logicamente, a Rússia, produziram incontáveis fuzis Kalashnikov 47 e suas versões subsequentes. Com cerca de 70 anos nas linhas de produção, as últimas estimativas calculam que foram produzidos de 75 a 100 milhões de fuzis AK-47 e suas variantes – AKM, AKMS, AK-101, AK-102 dentre muitas outras – Quase 13 vezes mais que seu arquirrival, o M-16.
Por ser incrivelmente robusto e leve, era muito bem aceito pelas tropas – sejam elas convencionais ou não. Com seu peso de 4,3 quilogramas – 3,8 kg descarregada – era, e ainda é, facilmente operado por crianças – comumente vistas empunhando armas em desfiles do Estado Islâmico, foi também usada por crianças durante a guerra Iran-Iraque – extremamente simples de ser operado, formado por oito peças principais, se sofresse avarias, era facilmente reparado pelos próprios soldados com peças de qualquer outra arma similar.
Na Guerra do Vietnã, o Type 56 – versão chinesa clone do AKM – teve um papel importantíssimo no conflito, milhares de soldados vietcongs extremamente disciplinados mantinham-se por semanas em túneis carregando apenas um punhado de arroz e seu fiel escudeiro, esperando a hora certa para o ataque.
O T-56 chinês e o AK-47 russo foi claramente superior ao estadunidense M-16A1, que precisou de várias melhorias até atingir uma versão confiável, pois esse na presença da mínima sujeira emperrava o seu sistema de recuo por gases, muito diferente do AK-47, que suportava lama, poeira, areia e umidade.
O incrível sucesso do fuzil nos anos que decorreram desde seu ingresso nas fileiras soviética abriu caminho para que novas versões fossem desenvolvidas.
As mais notáveis são o fuzil AK-101, que foi a versão de exportação do fuzil AK-47 em calibre 5,56x45mm NATO e também sua versão carabina o AK-102, além do AKM – que é uma versão modernizada do AK-47 e que entrou em operação em 1953 tornando o produto muito mais barato, pois usa chapas estampadas para o confeccionamento da caixa da culatra e também mais resistente e confiável pois trouxe melhorias em relação ao projeto original AK-47 – que posteriormente, recebeu uma versão que foi novamente modernizada, o AK-103 e AK-104, esse último a versão carabina do AK-103.
Em 1974, foi desenvolvido, também por Mikhail Kalashinikov, o fuzil AK-74 que era um melhoramento do AKM em calibre 5,45×39 mm – seguindo a tendência em utilizar calibres menores em armas de guerra – que veio acompanhada da sua versão carabina, o AK-74U.
O Kalashnikov 47 também serviu de base para o desenvolvimento de outros fuzis, como o GALIL israelense
e o RK-62 finlandês como também foi copiado e comercializado, como no exemplo do Type 56 Chinês.
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Durante a Guerra Fria os soviéticos estocaram centenas de milhares de fuzis no leste europeu, como medida preventiva caso surgisse algum conflito naquela região, porém com a queda da União Soviética todo aquele estoque se tornou desnecessário já que não haviam mais estados beligerantes à época, com isso os AK 47 foram vendidos para diversas regiões do globo.
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Como a oferta foi incrivelmente alta, o fuzil foi vendido a preços muitíssimo baixos, possibilitando que países pobres se armassem, que algumas tribos africanas substituíssem suas lanças e facões por um fuzil – o que intensificou drasticamente os conflitos étnicos na África subsaariana – e que milícias, gangues, traficantes, mafiosos e todo o tipo de escória social se armassem pesadamente em suas atividades – exatamente nessa época, as favelas do Rio e São Paulo intensificaram a guerra contra o tráfico.
O Avtomat Kalashnikov 47 foi o fuzil mais icônico e notável no cenário da Guerra Fria, o símbolo entre a rivalidade URSS vs EUA – ou AK-47 e M16 – na Guerra da Coreia equipa o norte, enquanto o M16 equipou os aliados do Sul, no Vietnam dotava os vietcongs e o exército do Vietnam no Norte, enquanto as tropas convencionais estadunidenses usavam o M16.
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Equipou ambos os lados na Primeira Guerra do Afeganistão – entre Rússia e mujahedins – na Guerra Iran-Iraque e em inúmeras outras guerras. Produzidos por mais de vinte países ainda ocupa cerca de 20% de todo comércio de armas no mundo, virou um símbolo de resistência estampando a bandeira de Moçambique e também de conquista na Nicarágua – quando equipou a resistência da Frente Nacional de Libertação Sandista que derrubou a ditadura Somoza – onde ergueram uma estátua de um camponês empunhando um Fuzil AK-47.
A história desse fuzil está longe de acabar, seu sucessor, o moderníssimo AK-200 – ou AK-12 – já está em serviço no Exército Russo e a Venezuela está em face de construir o primeiro Kalashinikov ocidental em sua nova fábrica de armamentos. Com certeza Mikhail Kalashinikov construiu uma incrível máquina mortífera.
Filme: AK-47 – A Arma que Mudou o Mundo
A lendária arma ganhou até um filme que foi lançado em 2020. O Filme mostra toda história de como foi feito o desenvolvimento da arma.
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