Conheça o Pé de Elefante de Chernobyl, uma massa mortal resultante do incidente de 1986
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Em 26 de abril do ano de 1986, mais precisamente às 1h23 da manhã, em Pripyat, na Ucrânia ainda soviética, um teste de segurança seria o responsável por uma das maiores tragédias nucleares já registradas no mundo.
Quando o sistema de resfriamento do reator 4, RBMK-1000, da usina nuclear de Chernobyl, foi desligado, as hastes de controle do núcleo, que tinham o objetivo de neutralizar uma possível reação em cadeia, acabaram por produzir um efeito completamente oposto logo que foram reinseridas no núcleo.
Com isso, o calor gerado foi tão intenso, aproximadamente 1.600ºC, que foi o suficiente para dissolver as hastes, as barras de combustível e os escudos biológicos que cercavam o núcleo. O calor foi tão forte que chegou a derreter até mesmo o piso de concreto da estrutura que abrigava o reator.
Além disso, o incidente também levou ao derretimento do involucro de liga de zircônio das pastilhas de combustível alocadas dentro de varetas compostas basicamente de óxido de urânio.
Nesse momento, com a dissolução do revestimento de zircônio que mantinha o combustível separado do fluido responsável por manter a refrigeração, começou a se misturar o zircônio, o urânio, o grafite das hastes, aço e concreto, culminando numa espécie de massa radioativa extremamente quente, que acabou atravessando o piso por diversos andares até atingir o porão, onde se solidificou.
Pé de Elefante de Chernobyl
Utilizando uma câmera operada de forma totalmente remota, em dezembro do mesmo ano do incidente, 1986, descobriu-se então, nas ruínas do prédio do reator, a estrutura formada por lava solidificada.
Com um peso estimado em 2,2 toneladas, a massa possuía uma aparência cinzenta e textura semelhante a de casca de árvore, além disso, a forma como se depositou no canto da parede lembra muito a aparência de uma pata de elefante, fazendo com que os trabalhadores que operavam no local a nomeassem como Pé de Elefante de Chernobyl.
Embora a aparência desse a entender a escolha do nome como algo óbvio, o conceito ia um pouco além deste fator. A escolha não só faz referência ao visual da estrutura, mas também à letalidade de uma possível pisada desse gigante do mundo animal, tendo em vista que, no momento em que o Pé de Elefante de Chernobyl foi descoberto, a radioatividade no entorno da massa alcançava incríveis 10 mil roentgens, intensidade suficiente para tirar a vida de uma pessoa adulta em questão de minutos de exposição.
As primeiras imagens do Pé de Elefante de Chernobyl
Embora a descoberta do Pé de Elefante tenha ocorrido em dezembro de 1986, somente uma década depois, em 1996, foram registradas as primeiras imagens da estrutura radioativa.
Tamanha demora para a realização dos registros fotográficos se deu por conta do alto índice de radiação em torno da massa. Somente após 10 anos os registros identificaram um índice baixo o suficiente para que um ser humano, utilizando equipamentos de segurança, suportasse permanecer no local sem danos.
Apesar disso, mesmo com índices mais baixos, as imagens em sua grande maioria saiam borradas por conta de falhas no equipamento, falhas essas ocasionadas pela radiação emitida pelo Pé de Elefante de Chernobyl.
O perigo ainda existe
Embora os níveis de radiação emitidos pelo Pé de Elefante de Chernobyl e por diversos outros materiais provenientes do incidente de 1986 tenham diminuído significativamente desde o ocorrido, se aproximar de tais estruturas permanece sendo uma atitude de extremo risco aos seres humanos.
Uma das maiores preocupações dos pesquisadores que atuam na região diz respeito a contaminação das águas subterrâneas por conta da corrosão causada pelo acúmulo de água dentro do sarcófago, estrutura construída em torno do reator 4 para conter a proliferação da radiação, além das nuvens de poeira carregadas de radiação que acabam se formando sempre que a umidade do ar cai para 85%.
Fonte: Howstuffworks
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