Conheça o fuzil StG 44, o pai de todos os fuzis de assalto
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O Fuzil alemão StG 44 é considerado o pai de todos os fuzis de assalto, o mesmo foi usado como base para diversos fuzis, tais como o FN FAL e o AK-47
Em plena Segunda Guerra Mundial, um destacamento alemão se encontra cercado por tropas soviéticas em territória inimigo, após fazerem contato por rádio com o alto comando, solicitam apoio aéreo à Luftwaffe, imediatamente começa uma perigosa missão para abastecer as tropas que se encontram cercadas atrás das linhas inimigas.
Sobre intensa artilharia anti-aérea, os aviões de carga lançam por paraquedas algumas centenas do novíssimo fuzil – até então classificado como submetralhadora, MP 43 – o Sturmgewehr 44 (StG 44).
Os soldados agora dotadas de incrível poder de fogo, iniciam uma contra ofensiva para romper o cerco inimigo e voltar em segurança para as linhas defensivas alemãs, logrando exito e retornando para a segurança.
Essa história cinematográfica impressionou o chefe supremo da Alemanha, que para melhor adequar a fama do novo fuzil, inaugurou pessoalmente uma nova categoria para a arma: Sturmgewehr 44, que no inglês seria algo como Storm Rifle – mas storm no sentido de invadir como em “to storm the enemy bunker” – logo ficando conhecido como assault Rifle, ou fuzil de assalto.
Revolucionando doutrinas
No início da Segunda Guerra Mundial, a doutrina de combate da Alemanha nazista, baseava seu poder de fogo nas metralhadoras leves, como a MG 34 e a MG 42, que avançavam apoiadas pela precisão das carabinas Mauser Kar98k, muito diferente da doutrina estadunidense por exemplo, que baseava seu poder de fogo nas armas semiautomáticas, como a M-1 Garand e a carabaina M1, e automáticas como a submetralhadora Thompson e o rifle automático BAR apoiadas por algumas metralhadoras médias como a Browning M1919.
Veja: Principais armas utilizadas na Segunda Guerra Mundial
No fronte oriental não era diferente, com os russos empregando a PPSh-41– que foram largamente produzidas durante a guerra – e a SVT-40, apoiados por metralhadoras.
Em evidente desvantagem de poder de fogo, os estrategistas militares solicitaram o desenvolvimento de armas como maior cadencia de disparos e maior capacidade de munição, como com o Fuzil G-43 e também o StG 44.
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Uma nova arma para um novo combate
Os rifles e metralhadoras alemãs utilizavam o cartucho Mauser 7,92×57 mm, eles eram de incrível precisão e alcance, não obstante era mais adequados para os combates da primeira guerra mundial. Em 1940, porém, os combates ocorriam em espaços cada vez mais reduzidos, e com maior intensidade, sendo essencial o emprego de armas automáticas.
Em 1938, foi desenvolvido um projeto de um cartucho que combinava a precisão de um cartucho de rifle – como o Mauser 7,92 mm – com o menor peso de um cartucho de pistola – como o 9×19 mm Parabellum – esse cartucho foi classificado como cartucho intermediário e recebeu a denominação de 7,92×33 mm Kurz(ou curto). Foi então que em 1942 surgiu a necessidade de desenvolver um armamento adequado para utilizar esse moderno cartucho.
O desenvolvimento do predecessor do fuzil de assalto
Foi delegado para a Walther e para a Haenel o desenvolvimento de um fuzil que fosse capaz de disparar esse cartucho, surgindo em metade no ano 1942 dois projetos concorrentes : o MKb 42H(da Haenel) e o MKb42W(da Walther).
O MKb 42H se mostrou superior em muitos aspectos em relação ao seu rival, sendo escolhido pela Wehrmacht. Entre o final de 1942 e início de 1943 foram produzidos cerca de 12 mil carabinas desse modelo as quais foram testadas em combate sendo muito bem recomendas pelos soldados que a empregaram.
Porém, no início de 43, com a maré da guerra começando a virar contra os nazistas, o Führer, que não aceitou muito bem a ideia de uma arma que disparasse um cartucho intermediário, priorizou as submetralhadoras para suprir a necessidade de poder de fogo das tropas, e o projeto MKb 42 foi cancelado.
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No entanto os visionários engenheiros bélicos alemães prosseguiram com o projeto, dessa vez com o nome de MP 43, numa tentativa de continuar com o projeto com o aval de Hitler.
Quando o Führer descobriu, já em 1944, a eficácia da arma era indiscutível e o seu desenvolvimento foi aceito por ele que pessoalmente o classificou como Stg 44 ou Sturmgewehr 44, contudo era tarde, a derrota alemã era inevitável e a produção da arma não foi suficiente para surtir efeito em uma eventual reviravolta na guerra.
Porque o StG 44 era tão moderno?
O primeiro fuzil de assalto da história, o Stg 44 era um fuzil extremamente moderno e revolucionário, dispunha de um sistema de recuo indireto por pistão que adequava sua cadência de tiro para o cenário da guerra moderna, disparando de 550 a 600 vezes por minuto, o que evitava o desperdício de munição e possibilitava uma visada mais efetiva e uma rajada mais precisa; também utilizava um carregador de 35 munições dotando a tropa de um poder de fogo indispensável nos combates daquela época, utilizava o gatilho encaixado em um punho de pistola, o que a tornava extremamente ergonômica e confortável e também tinha um cano reduzido de 419 mm, o que era mais adequado para combates aproximados e urbanos.
Inspirando as novas gerações
Apesar dos planos preverem 1.500.000 fuzis de assalto da série, apenas 426.000 foram entregues até 1945 quando a Alemanha se rendeu.
Entretanto várias dessas armas foram capturadas pelos aliados – tanto por estadunidenses quando por soviéticos – os quais utilizando de engenharia reversa desenvolveram seus próprios modelos de fuzis de assalto, dentre eles podemos citar o norte americano M-16, o belga FN FAL e o soviético AK-47, que também utilizavam sistema de recuo indireto, cartucho intermediário, gatilho acoplado a um punho de pistola, um cano de no máximo 530 mm – bem superior aos 610 mm do M1903, 740mm do Mauser G98, e até mesmo dos 600 do Mauser Kar98K.
A queda do terceiro Reich, impediu que o projeto do StG 44 prosseguisse, todavia permitiu que novos e excelentes fuzis de assalto surgissem e fossem desenvolvidos, transformando todas as doutrinas de combate dos exércitos modernos.
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