Erdogan viajou para a fronteira da Turquia com a Síria para vistoriar a ofensiva militar da Turquia contra o enclave sírio de Afrin.
ANCARA, Turquia (AP) – O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu nesta sexta-feira que irá expandir a operação de Ancara em um enclave curdo no norte da Síria, a leste, em direção à fronteira com o Iraque.
Seus comentários, durante um discurso aos líderes locais de seu partido, pareciam estar desafiando os Estados Unidos, que pediu à Turquia que mantenha sua campanha na Síria “limitada em alcance e duração” e que se concentre em acabar com a guerra.
Erdogan disse que o avanço das forças turcas por Afrin se estenderia mais para o leste, para a cidade curda de Manbij, e para a fronteira com o Iraque “até que não reste mais nenhum terrorista”.
A Turquia considera as forças curdas sírias, conhecidas como Unidades de Proteção do Povo ou YPG, como um grupo terrorista por causa de seus supostos vínculos com insurgentes curdos dentro da própria fronteira da Turquia. Manbij é detida pelas Forças Democráticas da Síria (SDF), que é dominada pelo YPG. As tropas dos EUA não estão presentes em Afrin, mas estão incorporadas ao SDF em outras partes da Síria, onde estão trabalhando para evitar o ressurgimento do grupo do Estado islâmico.
“Vamos limpar Manbij de terroristas… Ninguém deve se incomodar com isso porque os verdadeiros donos de Manbij não são esses terroristas, são nossos irmãos árabes”, disse Erdogan. “De Manbij, continuaremos nossa luta até a fronteira com o Iraque, até que não reste mais nenhum terrorista”.
O avanço de Ancara para Manbj colocaria tropas turcas proximo a soldados americanos que por lá estão.
As declarações de Erdogan vieram no sétimo dia da incursão turca em Afrin, que começou no último sábado.
Enquanto isso, o ministro da Saúde da Turquia, Ahmet Demircan, disse na sexta-feira que a operação em Afrin resultou em 14 mortes no lado turco. Três soldados turcos e 11 combatentes da oposição síria aliados. Cerca de 130 outros ficaram feridos.

Os combatentes do Exército Lvre da Síria asseguraram uma área onde a operação turca “Ramo de Oliveira” continua, em Azaz, no noroeste da Síria.
O SDF disse que a primeira semana de incursão da Turquia deixou mais de 100 civis e combatentes mortos. O grupo disse em uma declaração na sexta-feira que entre os mortos estão 59 civis e 43 combatentes, incluindo oito mulheres combatentes. Pelo menos 134 civis foram feridos nos confrontos esta semana, acrescentou.
O exército da Turquia disse que pelo menos 343 “terroristas” foram “neutralizados” durante a campanha.
Em seu discurso, Erdogan críticou a aliança dos EUA com as forças curdas em Manbij e outras partes da Síria.
Erdogan também acusou a milícia curda síria de usar civis como escudos humanos em Afrin para tentar abrandar o avanço das forças turcas e dos combatentes da oposição da Síria, apoiados pela Turquia.
Ele também criticou os pedidos dos EUA e outros aliados para uma resolução rápida da incursão da Turquia, dizendo que as intervenções militares em lugares como Afeganistão e no Iraque duraram vários anos.
No final da quinta-feira, o Pentágono descreveu as operações militares da Turquia em Afrin como não úteis e prejudiciais a luta em curso contra militantes do Estado islâmico na Síria.
O diretor geral do conselho diretor General Kenneth F. McKenzie Jr. disse que os comandantes militares dos EUA continuam conversando com a Turquia sobre o estabelecimento de algum tipo de zona segura ao longo da fronteira Turquia-Síria. Ele disse que era “simplesmente uma idéia no ar” e ainda não havia nenhuma decisão.
McKenzie disse que os EUA estão rastreando o movimento da Turquia, mas minimizaram as chances de as forças americanas serem ameaçadas nas proximidades da cidade de Manbij.
O editor Bassed Mroue, da Associated Press, contribuiu para esta reportagem.
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