A Guerra dos Seis Dias foi um dos conflitos mais decisivos da história moderna do Oriente Médio. Entre 5 e 10 de junho de 1967, Israel enfrentou uma coalizão árabe formada por Egito, Síria e Jordânia, resultando em uma vitória militar que redefiniu completamente o mapa geopolítico da região. Este conflito árabe-israelense não apenas alterou as fronteiras territoriais, mas também estabeleceu dinâmicas políticas que persistem até hoje, influenciando negociações de paz e tensões regionais.
As Causas da Guerra dos Seis Dias de 1967
Tópicos
- 1 As Causas da Guerra dos Seis Dias de 1967
 - 2 Principais Batalhas do Conflito Árabe-Israelense
 - 3 Consequências Geopolíticas da Guerra de Junho
 - 4 Israel e os Territórios Ocupados Após 1967
 - 5 Legado da Guerra dos Seis Dias no Mundo Atual
 - 6 Perguntas Frequentes sobre a Guerra dos Seis Dias
- 6.1 Qual foi a eficiência real da Operação Foco contra as forças aéreas árabes?
 - 6.2 Como as forças blindadas israelenses conseguiram superar a vantagem numérica árabe?
 - 6.3 Qual foi o impacto estratégico real da ocupação territorial israelense?
 - 6.4 Como funcionou o sistema de inteligência militar israelense durante o conflito?
 - 6.5 Quais foram as inovações doutrinárias que garantiram a velocidade operacional israelense?
 
 
A superioridade aérea obtida por Israel na Guerra dos Seis Dias resultou da execução da Operação Foco (Moked), um ataque preventivo coordenado contra as forças aéreas árabes em 5 de junho de 1967. A Força Aérea Israelense (IAF) empregou aproximadamente 196 aeronaves de combate, incluindo 72 Mirage III-CJ, 40 Super Mystère B2, 25 Ouragan, 18 Mystère IVA e 25 Fouga Magister adaptados para ataque ao solo.
                                            O planejamento operacional concentrou-se na neutralização simultânea de 11 bases aéreas egípcias entre 07:45 e 08:10 hora local. Cada formação atacante compunha-se de quatro aeronaves em voos rasantes (50-100 metros de altitude) para evitar detecção radar. Os Mirage III-CJ, com velocidade máxima de Mach 2,2 e raio de ação de 1.200 km, constituíram o elemento principal dos primeiros ataques contra as bases de Abu Sueir, Cairo West e Beni Suef.
| País | Caças (aprox.) | Bombardeiros | Principais Tipos | 
|---|---|---|---|
| Israel | 196 | — | Mirage III, Super Mystère | 
| Egito | 320 | 30 | MiG-21, MiG-19, Tu-16 | 
| Síria | 36 | — | MiG-21, MiG-17 | 
| Jordânia | 22 | — | Hunter F.6, F-104 | 
A eficácia tática da operação baseou-se no emprego de bombas especiais anti-pista, desenvolvidas pela indústria francesa, capazes de penetrar 40-60 cm de concreto e criar crateras de 15 metros de diâmetro. Em três ondas sucessivas, a IAF destruiu aproximadamente 300 aeronaves árabes no solo e inutilizou temporariamente 17 pistas de pouso. A taxa de perdas israelenses manteve-se em 2% (4 aeronaves), demonstrando a superioridade do treinamento de pilotos e da inteligência prévia sobre disposições inimigas.
O controle aéreo absoluto permitiu o apoio próximo às forças terrestres israelenses, com sortidas de interdição contra colunas blindadas árabes em retirada. Os Super Mystère B2, armados com canhões DEFA de 30mm e foguetes de 68mm, realizaram aproximadamente 200 missões de apoio direto entre 6 e 10 de junho, contribuindo decisivamente para o avanço terrestre no Sinai e Cisjordânia.
Referências: Nordeen, Lon O., “Fighters Over Israel”, Orion Books, 1990; Aloni, Shlomo, “Israeli Mirage III and Nesher Aces”, Osprey Publishing, 2004; Jackson, Paul, “Israeli Air Force Handbook”, Airlife Publishing, 1989.
Principais Batalhas do Conflito Árabe-Israelense
A campanha blindada israelense durante a Guerra dos Seis Dias demonstrou a eficácia da doutrina de emprego concentrado de forças mecanizadas contra adversários numericamente superiores. As Forças de Defesa de Israel (IDF) empregaram aproximadamente 800 carros de combate principais, sendo 385 Centurion Mk 5/1 (Shot Kal), 250 M48A2 Patton e 150 AMX-13, distribuídos em três comandos divisionários contra um total estimado de 2.400 blindados árabes.
                                            
                                            O Centurion Shot Kal israelense, modificado localmente, incorporava canhão L7 de 105mm com munição APDS (Armor-Piercing Discarding Sabot) capaz de penetrar 350mm de blindagem homogênea a 1.000 metros. O sistema de controle de tiro incluía telêmetro estereoscópico e estabilização vertical do canhão, proporcionando precisão superior aos T-54/55 soviéticos empregados pelas forças árabes. A blindagem frontal do Centurion, de 152mm inclinados a 60°, oferecia proteção equivalente a 300mm contra projéteis convencionais.
| Modelo | País | Peso (t) | Canhão | Blindagem Frontal | Velocidade (km/h) | 
|---|---|---|---|---|---|
| Centurion Shot Kal | Israel | 51 | L7 105mm | 152mm/60° | 35 | 
| T-54A | Egito/Síria | 36 | D-10T 100mm | 120mm/60° | 48 | 
| T-34/85 | Egito | 32 | ZiS-S-53 85mm | 90mm/60° | 55 | 
| M48A2 Patton | Israel | 48 | M41 90mm | 110mm/60° | 42 | 
A superioridade tática israelense manifestou-se na execução de manobras de envolvimento duplo no Sinai, particularmente na Batalha de Abu-Ageila. O emprego coordenado de três divisões blindadas (Tal, Yoffe e Sharon) criou múltiplos eixos de penetração simultâneos, impedindo a concentração defensiva egípcia. A velocidade média de avanço das colunas blindadas israelenses manteve-se entre 15-25 km/h em terreno desértico, superando significativamente a capacidade de reposicionamento das reservas árabes.
O desempenho operacional dos blindados israelenses foi potencializado pelo apoio aéreo próximo coordenado e pela superioridade logística. As unidades de manutenção de campanha israelenses conseguiram manter índices de disponibilidade operacional superiores a 85% durante os seis dias de combate, enquanto estimativas baseadas em dados abertos indicam que as forças blindadas árabes sofreram degradação logística superior a 40% após as primeiras 72 horas de operações.
Referências: Herzog, Chaim, “The Arab-Israeli Wars”, Arms and Armour Press, 1982; Dunstan, Simon, “The Six Day War 1967: Sinai”, Osprey Publishing, 2009; O’Ballance, Edgar, “The Third Arab-Israeli War”, Faber & Faber, 1972.
Consequências Geopolíticas da Guerra de Junho
A conclusão da Guerra dos Seis Dias resultou na ocupação israelense de territórios totalizando 20.770 km², representando expansão territorial equivalente a 94% da área pré-guerra de Israel (20.700 km²). A aquisição da Península do Sinai (61.198 km²), Cisjordânia (5.655 km²), Faixa de Gaza (365 km²) e Colinas de Golã (1.150 km²) alterou fundamentalmente o perfil geoestrategico israelense, estabelecendo zonas-tampão contra ameaças convencionais e expandindo a profundidade estratégica nacional de 15 km (na região central) para 240 km no eixo leste-oeste.
A ocupação do Sinai proporcionou controle sobre o Estreito de Tiran, gargalo estratégico de 5 km de largura que conecta o Golfo de Aqaba ao Mar Vermelho. Este controle eliminou o bloqueio naval egípcio ao porto israelense de Eilat, garantindo acesso comercial ao Oceano Índico e rotas petrolíferas alternativas. A posição em Sharm el-Sheikh permitia monitoramento de tráfego marítimo através de radares costeiros com alcance de 40-60 km, cobrindo integralmente a rota de navegação.
| Território | Área (km²) | População (1967) | Valor Estratégico | 
|---|---|---|---|
| Península do Sinai | 61.198 | 50.000 | Profundidade defensiva/Controle de Suez | 
| Cisjordânia | 5.655 | 598.000 | Controle do Vale do Jordão | 
| Colinas de Golã | 1.150 | 147.000 | Posições dominantes/Recursos hídricos | 
| Faixa de Gaza | 365 | 394.000 | Controle de infiltração/Porto | 
A ocupação das Colinas de Golã estabeleceu controle sobre posições dominantes com altitudes entre 200-1.000 metros acima do nível do mar, proporcionando observação direta sobre o Vale do Huleh e planície da Galileia. Esta vantagem topográfica eliminou a capacidade de artilharia síria de atingir assentamentos israelenses situados 400-700 metros abaixo, invertendo o equilíbrio tático regional. Adicionalmente, o controle das nascentes do Rio Jordão nas encostas do Monte Hermon garantiu acesso a aproximadamente 30% dos recursos hídricos israelenses.
A Cisjordânia proporcionou controle do Vale do Jordão, barreira natural de 105 km de extensão que constitui a principal rota de infiltração do leste. A ocupação das cristas montanhosas centrais, com altitudes médias de 600-800 metros, estabeleceu posições defensivas dominantes sobre a planície costeira israelense, onde concentrava-se 70% da população e infraestrutura industrial nacional. Esta configuração territorial criou cinturão defensivo com profundidade tática superior a 50 km nos setores críticos de Jerusalém e Tel Aviv.
Referências: Bregman, Ahron, “Israel’s Wars: A History Since 1947”, Routledge, 2002; Rabinovich, Abraham, “The Six-Day War”, Arthur Goldschmidt, 2017; Van Creveld, Martin, “The Sword and the Olive”, PublicAffairs, 1998.
Israel e os Territórios Ocupados Após 1967

O sucesso operacional israelense na Guerra dos Seis Dias fundamentou-se na superioridade de inteligência militar proporcionada pelo Aman (Agaf Modi’in), que conseguiu mapear com precisão as capacidades árabes durante os 18 meses precedentes ao conflito. A rede de coleta incluía interceptação SIGINT através de 12 estações de escuta distribuídas ao longo das fronteiras, análise IMINT de fotografias aéreas obtidas por voos de reconhecimento de Mirage III-R modificados, e fontes HUMINT infiltradas em comandos militares árabes.
A análise de ordem de batalha árabe identificou com precisão a localização de 95% dos aeródromos militares egípcios, incluindo coordenadas exatas de 419 aeronaves estacionadas em 18 bases aéreas. O mapeamento de defesas antiaéreas egípcias catalogou 62 sítios SAM SA-2 Guideline operacionais, com envelope de engajamento de 35 km de alcance e teto operacional de 25.000 metros. Esta inteligência permitiu o planejamento de rotas de aproximação em baixa altitude (50-100 metros) que evitavam zonas de cobertura radar conhecidas.
| País | Estações SIGINT | Voos Recon/mês | Agentes HUMINT (est.) | Precisão Ordem Batalha | 
|---|---|---|---|---|
| Israel (Aman) | 12 | 40-60 | 180-220 | 90-95% | 
| Egito (GID) | 4 | 8-12 | 80-120 | 60-70% | 
| Síria (AIB) | 2 | 4-8 | 40-60 | 50-60% | 
| Jordânia | 1 | 2-4 | 20-30 | 40-50% | 
A interceptação de comunicações árabes através de sistemas de escuta eletrônica revelou padrões de comando e controle que permitiram antecipação de movimentos táticos. O Aman identificou frequências primárias e secundárias de rádio utilizadas pelas formações blindadas egípcias no Sinai, estabelecendo capacidade de monitoramento em tempo real durante as operações. Segundo fontes técnicas da época, a taxa de decriptação de tráfego militar árabe atingiu níveis entre 70-85% nas primeiras 48 horas do conflito.
A superioridade em inteligência técnica manifestou-se no mapeamento detalhado das posições fortificadas egípcias em Abu-Ageila e Rafah. Fotografias aéreas de alta resolução, obtidas através de câmeras Omera instaladas em Mirage III-R voando a 15.000 metros de altitude, identificaram 127 posições de artilharia, 89 bunkers de infantaria e 34 posições de carros de combate. Esta precisão permitiu planejamento de fogos de artilharia com coordenadas pré-programadas, reduzindo o tempo de preparação de tiro de 15-20 minutos para 3-5 minutos.
A eficácia do ciclo de inteligência israelense contrastava significativamente com as limitações árabes em coleta e análise. Estimativas baseadas em dados abertos indicam que os serviços de inteligência árabes subestimaram a capacidade de mobilização israelense em aproximadamente 40%, falhando em detectar a concentração de forças blindadas nos setores de ataque principal. Esta assimetria informacional proporcionou vantagem estratégica decisiva na iniciação e condução das operações militares.
Referências: Black, Ian, “Israel’s Secret Wars”, Grove Press, 1991; Kahana, Ephraim, “Historical Dictionary of Israeli Intelligence”, Scarecrow Press, 2006; Bar-Joseph, Uri, “The Watchman Fell Asleep”, SUNY Press, 2005.
Legado da Guerra dos Seis Dias no Mundo Atual
A doutrina militar israelense empregada na Guerra dos Seis Dias baseou-se no conceito de guerra de movimento e concentração de forças, desenvolvido a partir das limitações geográficas e demográficas nacionais. Com território de apenas 20.700 km² e população de 2,7 milhões de habitantes, Israel enfrentava coalizão árabe com população combinada de 110 milhões e superfície territorial superior a 13 milhões de km². Esta assimetria demográfica exigia doutrina operacional que minimizasse duração do conflito e maximizasse eficiência no emprego de recursos militares limitados.
A velocidade de execução constituiu elemento central da estratégia israelense, com objetivos operacionais definidos para conclusão em 72-96 horas máximo. A mobilização das reservas israelenses atingiu 85% dos efetivos em 48 horas, comparado aos 5-7 dias necessários para mobilização completa das forças árabes. Esta vantagem temporal permitiu concentração de 280.000 soldados israelenses contra forças árabes iniciais de aproximadamente 465.000 homens, mas dispersas em múltiplas frentes sem coordenação operacional efetiva.
| Força | Efetivo Total | Tempo Mobilização (h) | Taxa Prontidão (%) | Densidade Logística | 
|---|---|---|---|---|
| IDF | 280.000 | 48-72 | 85 | 1 veículo/12 soldados | 
| Egito | 240.000 | 96-120 | 70 | 1 veículo/18 soldados | 
| Síria | 63.000 | 72-96 | 75 | 1 veículo/22 soldados | 
| Jordânia | 55.000 | 48-72 | 80 | 1 veículo/25 soldados | 
A aplicação do princípio da massa crítica concentrada manifestou-se no emprego de três divisões blindadas (aproximadamente 270 carros de combate cada) em setores de ataque de 15-20 km de frente, criando densidade de 13-18 blindados por quilômetro linear. Esta concentração superava significativamente os padrões doutrinários soviéticos da época, que recomendavam 8-12 blindados por quilômetro para operações ofensivas. A superioridade local de forças atingiu proporções de 3:1 ou 4:1 nos pontos de ruptura principais, compensando a inferioridade numérica global.
O emprego coordenado de armas combinadas integrou apoio aéreo próximo com rapidez superior aos padrões NATO da época. O tempo médio entre solicitação de apoio aéreo e execução do ataque manteve-se entre 8-12 minutos, comparado aos 15-25 minutos típicos de forças convencionais. Esta coordenação resultava de sistema de comunicações tático que integrava controladores aéreos avançados (FAC) diretamente nas formações blindadas de vanguarda, utilizando rádios UHF com alcance de 40-60 km em terreno desértico.
A eficiência logística israelense permitiu sustentação de operações em profundidade sem degradação significativa da capacidade de combate. A relação dente-cauda das forças blindadas israelenses manteve-se em 1:2,5 (combate:apoio), superior à proporção 1:4 típica de forças mecanizadas ocidentais do período. Esta otimização resultou da adaptação de veículos civis para transporte logístico e emprego de reservistas experientes em funções de apoio, liberando soldados regulares para missões de combate direto.
Referências: Van Creveld, Martin, “The Sword and the Olive: A Critical History of the Israeli Defense Force”, PublicAffairs, 1998; Dupuy, Trevor N., “Elusive Victory: The Arab-Israeli Wars 1947-1974”, Military Heritage Press, 1978; Cordesman, Anthony H., “The Arab-Israeli Military Balance and the Art of Operations”, CSIS, 1987.
A Guerra dos Seis Dias estabeleceu paradigmas operacionais que permanecem relevantes para análise de conflitos contemporâneos. A superioridade israelense resultou da integração de inteligência precisa, doutrina de emprego concentrado de forças e execução coordenada entre diferentes armas, demonstrando que vantagens qualitativas podem compensar inferioridade numérica significativa. O emprego da Operação Foco como ataque preventivo coordenado eliminou a ameaça aérea árabe em 3 horas, estabelecendo supremacia aérea que permitiu apoio próximo irrestrito às forças terrestres. Esta lição reforça a importância crítica da iniciativa estratégica em conflitos de alta intensidade.
O desempenho logístico israelense, mantendo índices de disponibilidade operacional superiores a 85% em seis dias de operações contínuas, evidencia a relevância da razão dente-cauda otimizada (1:2,5) e da mobilização eficaz de recursos civis. A capacidade de concentrar 270 blindados por divisão em setores de 15-20 km demonstrou a eficácia da massa crítica localizada contra defesas dispersas. Adicionalmente, a integração de sistemas C4I permitiu tempos de resposta de apoio aéreo de 8-12 minutos, estabelecendo padrão de coordenação interarmas que influenciou doutrinas militares ocidentais subsequentes. O controle territorial resultante alterou permanentemente o equilíbrio estratégico regional, criando zonas-tampão que expandiram a profundidade defensiva israelense de 15 km para 240 km no eixo leste-oeste (Herzog, 1982; Van Creveld, 1998).
Perguntas Frequentes sobre a Guerra dos Seis Dias
Qual foi a eficiência real da Operação Foco contra as forças aéreas árabes?
A Operação Foco destruiu aproximadamente 300 aeronaves árabes no solo durante as primeiras 3 horas de combate, representando 60-65% da capacidade aérea total da coalizão. A IAF empregou 196 aeronaves em ondas sucessivas contra 17 bases aéreas, utilizando bombas anti-pista francesas capazes de criar crateras de 15 metros de diâmetro. As perdas israelenses limitaram-se a 19 aeronaves durante todo o conflito, estabelecendo taxa de troca favorável superior a 15:1. Esta eficiência resultou da inteligência prévia sobre posicionamento de aeronaves e horários de patrulha, combinada com voos de aproximação em baixa altitude (50-100 metros) para evitar detecção radar (Nordeen, 1990).
Como as forças blindadas israelenses conseguiram superar a vantagem numérica árabe?
As IDF empregaram 800 blindados contra aproximadamente 2.400 árabes, compensando a inferioridade através de concentração tática e superioridade qualitativa. Os Centurion Shot Kal israelenses, armados com canhões L7 de 105mm, possuíam capacidade de penetração de 350mm a 1.000 metros, superior aos T-54/55 árabes com canhões D-10T de 100mm. A doutrina israelense concentrou 3-4 divisões blindadas em setores de ruptura de 15-20 km, criando densidade local de 13-18 blindados por quilômetro linear, superando padrões soviéticos da época (8-12/km). Adicionalmente, a manutenção de campanha israelense manteve disponibilidade operacional de 85% versus estimativa de 60% das forças árabes após 72 horas (Herzog, 1982).
Qual foi o impacto estratégico real da ocupação territorial israelense?
A ocupação de 67.368 km² de território árabe expandiu a profundidade estratégica israelense de 15 km (cintura de Tel Aviv) para 240 km no eixo leste-oeste, eliminando vulnerabilidades geográficas críticas. O controle das Colinas de Golã (1.150 km²) proporcionou posições dominantes 400-700 metros acima da planície da Galileia, invertendo a vantagem tática síria. A ocupação do Sinai garantiu controle do Estreito de Tiran (5 km de largura), eliminando possibilidade de bloqueio naval ao porto de Eilat. O controle do Vale do Jordão estabeleceu barreira natural de 105 km contra infiltração do leste, enquanto as cristas da Cisjordânia (600-800m altitude) dominam 70% da população israelense na planície costeira. Esta configuração territorial criou cinturão defensivo com profundidade tática superior a 50 km nos setores críticos (Bregman, 2002).
Como funcionou o sistema de inteligência militar israelense durante o conflito?
O Aman operava 12 estações SIGINT ao longo das fronteiras, realizava 40-60 voos de reconhecimento mensais com Mirage III-R modificados e mantinha estimativa de 180-220 agentes HUMINT em território árabe. Esta rede identificou 95% dos aeródromos militares egípcios e catalogou 62 sítios SAM SA-2 com precisão de coordenadas. A interceptação de comunicações árabes atingiu taxa de decriptação de 70-85% nas primeiras 48 horas, segundo fontes técnicas da época. Fotografias aéreas de alta resolução, obtidas a 15.000 metros de altitude, mapearam 127 posições de artilharia em Abu-Ageila, permitindo planejamento de fogos pré-programados que reduziram tempo de preparação de tiro de 15-20 minutos para 3-5 minutos. Esta superioridade informacional contrastava com capacidades árabes limitadas, que subestimaram mobilização israelense em aproximadamente 40% (Black & Morris, 1991).
Quais foram as inovações doutrinárias que garantiram a velocidade operacional israelense?
A doutrina israelense integrou mobilização acelerada (85% dos efetivos em 48 horas versus 5-7 dias árabes), concentração de forças e coordenação interarmas otimizada. O sistema C4I permitiu tempos de resposta para apoio aéreo próximo de 8-12 minutos, comparado aos 15-25 minutos de forças NATO contemporâneas, através de controladores aéreos avançados integrados nas formações blindadas de vanguarda. A razão dente-cauda de 1:2,5 (combate:apoio) superava padrões ocidentais típicos de 1:4, otimizada pelo emprego de veículos civis mobilizados e reservistas experientes em funções logísticas. A densidade logística de 1 veículo para cada 12 soldados permitiu sustentação de operações em profundidade sem degradação da capacidade de combate, mantendo velocidade média de avanço de 15-25 km/h em terreno desértico (Van Creveld, 1998).

                                            
                                            
                                            
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